Miomas uterinos sem mistério: o essencial em 2025
Mulheres de todas as idades escutam histórias sobre miomas e, ainda hoje, há muita dúvida sobre quando tratar e como proteger a fertilidade. A boa notícia é que, em 2025, temos um caminho mais claro e baseado em evidências para decidir. Miomas uterinos são tumores benignos do útero e, na maioria dos casos, não exigem ação imediata. O segredo está em identificar quais trazem sintomas relevantes — como sangramento intenso, dor, compressão de órgãos vizinhos ou dificuldade para engravidar — e quais podem ser acompanhados com segurança. Este guia prático reúne os pontos-chave para você agir no tempo certo, com segurança e estratégias que preservem sua capacidade de ter filhos.
Sintomas, tipos e quando investigar
Tipos de miomas e o que cada um provoca
Os miomas podem se localizar em diferentes camadas do útero e, por isso, causar quadros distintos. Entender essa anatomia ajuda a prever sintomas e a definir a melhor técnica de tratamento.
– Submucosos: crescem em direção à cavidade uterina e têm maior relação com sangramento intenso, abortamentos de repetição e infertilidade. Mesmo pequenos, podem ter grande impacto.
– Intramurais: desenvolvem-se na parede muscular do útero. Podem aumentar o volume uterino, causar dor pélvica, sensação de peso e, dependendo da distorção da cavidade, afetar a implantação do embrião.
– Subserosos: projetam-se para fora do útero. Costumam causar sintomas compressivos (bexiga, intestino), mas menos sangramento. Quando pediculados, podem torcer e gerar dor aguda.
Sinais de alerta que merecem avaliação
Nem todo mioma precisa de intervenção, mas alguns sinais indicam a necessidade de investigar e acompanhar de perto:
– Sangramento menstrual intenso (troca de absorvente a cada 1–2 horas, coágulos grandes, ciclos prolongados).
– Anemia, fadiga e ferritina baixa.
– Dor pélvica persistente, inchaço abdominal, dor durante a relação sexual.
– Micção frequente, urgência urinária ou constipação por compressão.
– Dificuldade para engravidar, abortamentos de repetição, falhas em tratamentos de reprodução assistida.
– Crescimento rápido do útero ou do mioma em curto intervalo.
Exames que guiam decisões
O primeiro passo é a avaliação clínica e um ultrassom transvaginal de qualidade. Em casos selecionados, outros exames ajudam a mapear o problema e evitar surpresas na hora do tratamento.
– Ultrassom transvaginal 2D/3D: define número, tamanho e localização dos miomas; 3D melhora a análise da cavidade.
– Histeroscopia diagnóstica: avalia e, muitas vezes, trata miomas submucosos.
– Ressonância magnética: mapeia com precisão múltiplos miomas, volume uterino, vascularização e relação com outras estruturas.
– Hemograma e ferritina: quantificam o impacto do sangramento (anemia) e norteiam reposição de ferro.
Dica prática: leve às consultas um “diário de sintomas” com datas do ciclo, intensidade do sangramento, dor e interferência nas atividades. Essa informação objetiva facilita decisões assertivas.
Quando tratar: critérios práticos e mitos
Quando acompanhar sem intervir
Miomas assintomáticos, pequenos e sem distorção da cavidade uterina costumam ser acompanhados com segurança. A frequência típica é revisar a cada 6–12 meses, ou antes se houver mudança de sintomas.
– Sem sintomas e sem anemia.
– Subserosos pequenos, sem compressão de órgãos.
– Intramurais que não alteram a cavidade e não afetam planos reprodutivos imediatos.
– Mulheres próximas da menopausa com quadro estável.
Por que observar? A maioria dos miomas cresce lentamente e parte deles estabiliza ou regride após a menopausa, quando os níveis hormonais caem. Acompanhar evita procedimentos desnecessários.
Quando intervir sem adiar
Há situações em que o benefício do tratamento supera claramente o acompanhamento, especialmente quando a qualidade de vida e a fertilidade estão em jogo.
– Sangramento intenso com anemia ou impacto significativo no trabalho, nos estudos e na rotina.
– Dor persistente, massa pélvica que incomoda ou sintomas compressivos importantes.
– Infertilidade ou perdas gestacionais associadas a miomas submucosos ou intramurais que deformam a cavidade.
– Crescimento acelerado documentado em exames seriados.
– Suspeita de degeneração ou torção de mioma pediculado.
Mito comum: “Todo mioma precisa ser removido.” A melhor conduta é individualizada. Tratar tem hora, e o objetivo é resolver sintomas, preservar o útero quando desejado e reduzir riscos, sem procedimentos desnecessários.
Preservar a fertilidade: do plano ao parto
Planejamento reprodutivo e decisão compartilhada
Se ter filhos está nos seus planos, sua estratégia deve priorizar a anatomia uterina saudável, o menor trauma possível ao endométrio e o controle de sintomas que atrapalham a concepção. Isso passa por conversa aberta com o ginecologista e, quando indicado, com o cirurgião vascular e o especialista em reprodução assistida.
– Defina metas: engravidar espontaneamente? Recorrer à FIV? Em quanto tempo?
– Mapeie a cavidade uterina com ultrassom 3D e/ou histeroscopia.
– Corrija anemia e otimize saúde geral (tiroide, vitamina D, IMC, controle de dor).
– Estabeleça um plano A e um plano B, com prazos e pontos de reavaliação.
O que esperar de cada técnica para quem quer engravidar
A escolha do método ideal depende do tipo e da localização do mioma, do número de lesões e do histórico reprodutivo. Em linhas gerais:
– Histeroscopia (miomectomia histeroscópica): indicada para miomas submucosos. É a opção mais efetiva para melhorar sangramento e fertilidade nos casos em que a cavidade está deformada. Recuperação rápida e excelente preservação do endométrio.
– Miomectomia (laparoscópica, robótica ou aberta): remove miomas intramurais e subserosos maiores, preservando o útero. Melhora sintomas e pode aumentar taxas de gravidez quando a cavidade está envolvida. Exige avaliação da cicatriz uterina no planejamento da gestação e do parto.
– Embolização de artérias uterinas: procedimento minimamente invasivo que bloqueia o suprimento sanguíneo dos miomas, levando à sua redução. Em mulheres selecionadas, pode controlar sangramento e preservar a possibilidade de gestação, com recuperação rápida. A decisão deve ser compartilhada, considerando o padrão de miomas, idade e metas reprodutivas.
– Manejo medicamentoso: útil como “ponte” para corrigir anemia e reduzir sangramento, especialmente antes de tentar concepção ou de um procedimento. Não é solução definitiva para quem tem miomas que distorcem a cavidade.
Dica de ouro: miomas submucosos associados à infertilidade têm indicação forte de correção histeroscópica antes de tentar engravidar, pois mesmo pequenos podem comprometer a implantação.
Opções de tratamento, passo a passo
Manejo clínico e adjuvantes
O tratamento clínico é valioso para estabilizar sintomas, melhorar anemia e, em alguns casos, evitar ou postergar procedimentos. Ele não “desfaz” miomas uterinos, mas tem papel estratégico.
– Anti-inflamatórios (AINEs): reduzem cólica e, em parte, o volume do sangramento.
– Ácido tranexâmico: útil nos dias de fluxo intenso, especialmente para quem não deseja hormônios.
– DIU com levonorgestrel: reduz sangramento e cólica; pode ser excelente para quem não busca gravidez imediata.
– Análogos/antagonistas de GnRH: diminuem temporariamente o tamanho do útero e o sangramento; úteis como preparo para cirurgia ou para corrigir anemia. Uso por tempo limitado.
– Ferro oral ou intravenoso: corrige anemia e repõe estoques de ferro.
– Mudanças de estilo de vida: manter IMC saudável, sono adequado e atividade física regular pode atenuar sintomas em algumas mulheres.
Quando usar: como ponte para cirurgia, para controlar sintomas em quem aguarda menopausa ou como estratégia temporária antes de tentar engravidar (desde que não atrase demais o plano reprodutivo).
Cirurgias conservadoras
A miomectomia é a retirada seletiva do mioma com preservação do útero. A técnica ideal depende do tipo de lesão e da experiência da equipe.
– Histeroscópica: via vaginal, sem cortes abdominais; indicada para miomas submucosos. Recuperação em dias e alto impacto na melhora da fertilidade quando a cavidade está alterada.
– Laparoscópica/robótica: menos invasiva, com pequenas incisões; indicada para miomas intramurais e subserosos. Menor dor e retorno mais rápido às atividades em comparação à cirurgia aberta.
– Aberta (laparotomia): preferida em miomas muito volumosos ou múltiplos, quando a anatomia dificulta a via minimamente invasiva.
Pontos de atenção:
– Risco de recorrência existe (cerca de 15–30% em 5 anos, dependendo de idade e número de miomas).
– Cicatriz uterina pode exigir programação de parto cesáreo em gestações futuras, conforme avaliação individual.
– Planeje um intervalo adequado entre a miomectomia e a tentativa de gestação, geralmente de 3 a 6 meses, conforme orientação médica.
Embolização das artérias uterinas
A embolização é realizada por radiologia/intervenção vascular. Sob anestesia e com punção (geralmente na virilha ou no punho), microcateteres alcançam as artérias uterinas, liberando partículas que reduzem a irrigação dos miomas.
Benefícios:
– Minimante invasiva, sem cortes no útero e com alta em 24–48 horas na maioria dos casos.
– Controle do sangramento em alta proporção de pacientes.
– Redução do volume uterino e alívio de sintomas compressivos.
Para quem faz sentido:
– Mulheres com sintomas significativos que desejam preservar o útero.
– Casos com múltiplos miomas nos quais a miomectomia seria extensa.
– Pacientes com contraindicações clínicas à cirurgia de grande porte.
Fertilidade:
– Pode preservar a possibilidade de gestar em casos selecionados, sobretudo quando a cavidade não está severamente deformada. A decisão deve considerar idade, reserva ovariana e o mapeamento por imagem. Discutir prós e contras com equipe multidisciplinar é essencial.
Cuidados do pós-procedimento:
– Dor controlável com medicação nas primeiras 24–72 horas.
– Acompanhamento com imagem para avaliar redução do volume.
– Plano claro para tentar gestação, quando esse for o objetivo.
Histerectomia: quando é a melhor escolha
A retirada do útero resolve definitivamente sangramento e sintomas relacionados aos miomas. É uma opção válida quando:
– Não há desejo reprodutivo e os sintomas são intensos.
– Houve falha ou contraindicação a outras terapias.
– O volume uterino ou a distribuição de miomas torna impraticável a abordagem conservadora.
Importante: a histerectomia não é a primeira linha para mulheres que desejam engravidar. Em quem busca preservar a fertilidade, priorizam-se alternativas como histeroscopia, miomectomia ou embolização.
2025 na prática: acompanhamento, menopausa e colaboração multidisciplinar
Roteiro de cuidado ao longo do tempo
Um plano bem definido evita tanto a inércia quanto o excesso de intervenções. Use este roteiro como referência na consulta.
– Sem sintomas ou leves: acompanhamento a cada 6–12 meses com ultrassom e hemograma. Reforce sinais de alerta para retorno precoce.
– Sintomas moderados: otimize tratamento clínico (controle de sangramento e dor, correção de anemia), discuta fertilidade e agende reavaliação em 3–6 meses.
– Sintomas importantes ou impacto na fertilidade: defina a estratégia intervencionista (histeroscopia, miomectomia, embolização) e prazos para execução.
– Pós-tratamento: revisão programada com exame de imagem e avaliação de metas (controle do sangramento, melhora da qualidade de vida, planejamento de gestação).
Mulheres próximas da menopausa:
– Se os sintomas são manejáveis e não há anemia relevante nem distorção da cavidade com impacto reprodutivo, pode-se adotar uma estratégia conservadora, pois miomas uterinos tendem a estabilizar ou regredir nesse período.
– Ajuste o plano se houver piora do sangramento, crescimento ou novo desejo reprodutivo (incluindo preservação de fertilidade por óvulos, quando apropriado).
Trabalho em equipe que faz diferença
Casos complexos se beneficiam da colaboração entre ginecologia, radiologia/intervenção vascular e, quando necessário, reprodução assistida. Essa integração:
– Aumenta a precisão do diagnóstico (mapeamento por RM e histeroscopia).
– Oferece mais de uma rota terapêutica, com prós e contras transparentes.
– Reduz o risco de retratamento e otimiza a preservação da fertilidade.
Frase-chave para levar consigo: “Tratar quando há benefício claro, com o menor impacto possível no útero e no futuro reprodutivo.”
Perguntas inteligentes para sua próxima consulta
Levar questões concretas empodera sua decisão e torna a consulta mais produtiva.
– Meu(s) mioma(s) altera(m) a cavidade uterina? Isso afeta a implantação?
– Qual é o objetivo principal do tratamento no meu caso (parar sangramento, reduzir dor, facilitar gravidez)?
– O que vocês recomendam primeiro: manejo clínico, histeroscopia, miomectomia ou embolização? Por quê?
– Quais são os riscos, tempo de recuperação e impacto na fertilidade de cada opção?
– Em quanto tempo posso tentar engravidar após o tratamento escolhido?
– Como será o acompanhamento e quais sinais exigem retorno imediato?
Exemplos práticos que ilustram decisões
– Mulher de 34 anos, infertilidade e mioma submucoso de 1,5 cm: histeroscopia é a primeira escolha, pois corrige a deformidade cavitária que atrapalha a implantação.
– Mulher de 39 anos, múltiplos intramurais com sangramento intenso e anemia: discutir miomectomia minimamente invasiva ou embolização, considerando desejo reprodutivo, reserva ovariana e distribuição dos miomas no mapeamento por RM.
– Mulher de 47 anos, sintomas leves e perimenopausa: manejo clínico e vigilância, com plano de ação caso haja piora do sangramento ou anemia.
Checklist de decisão rápida para miomas uterinos
– Tenho sintomas que impactam meu dia a dia (sangramento, dor, compressão)? Se sim, quais e com que intensidade?
– Minha cavidade uterina está alterada pelo mioma? Isso muda minha estratégia se eu quiser engravidar?
– Quais opções conservam o útero e atendem meus objetivos (histeroscopia, miomectomia, embolização)?
– Já corrigi anemia e tenho um plano claro de acompanhamento?
– Próxima etapa agendada: o que será reavaliado e quando?
Finalizando, lembre-se: informação de qualidade traz tranquilidade e decisões melhores. Miomas uterinos não precisam ser sinônimo de medo nem de intervenção automática. O caminho mais seguro é individualizado, guiado pelos seus sintomas, pelos achados de imagem e pelos seus planos reprodutivos. Se você convive com sangramento intenso, dor ou está tentando engravidar, marque uma consulta com ginecologista de confiança e discuta, sem pressa, as opções de tratamento — incluindo abordagens minimamente invasivas — para alinhar um plano que preserve sua saúde, sua fertilidade e sua qualidade de vida.
No vídeo, a doutora Juliana Matos, ginecologista, e o doutor Alexandre Amato, cirurgião vascular, discutem sobre miomas, tumores benignos do útero que afetam principalmente mulheres acima de 35 anos. Eles explicam que os miomas podem causar sintomas como sangramentos intensos e dificuldades para engravidar, especialmente os miomas submucosos. A conversa aborda os diferentes tipos de miomas (subserosos, submucosos e intramurais) e os tratamentos disponíveis, que incluem opções cirúrgicas como miomectomia e histerectomia, além da embolização, um procedimento minimamente invasivo que preserva a fertilidade. A importância da colaboração entre ginecologistas e cirurgiões vasculares é destacada, assim como a necessidade de tratar miomas apenas quando há sintomas significativos. Por fim, o vídeo enfatiza que o acompanhamento regular é crucial, especialmente em mulheres próximas da menopausa, pois os miomas tendem a regredir nesse período.

